Segundo a obra “Dados históricos do município de Palmas”, no século XVII, o sargento-mor Farias, em expedição pela região centro-sul do Estado, notificou sua passagem pelo morro de “Bituruna”, próximo à região dos campos de Palmas. Depois das primeiras expedições a região ficou esquecida até o início do século XIX.
Por volta de 1814, uma expedição rumo ao Rio Grande do Sul, comandada por Atanagildo Pinto Martins e guiada pelo cacique Jon Jong, atravessou os campos dos “Ibiturunas”, referindo-se à região habitada por este grupo indígena e que corresponde à região dos Campos de Palmas. (Kruger, Nivaldo – Palmas, paisagem e memória).
Segundo Kruger, a travessia pela região expunha os expedicionários aos combates com os indígenas. Em 1816 a missão retornara, porém o cacique Jon Jong, e mais seis companheiros desapareciam para sempre, vítimas de emboscada dos temidos “Ibiturunas”.
Estavam oficialmente descobertos os campos dos “Ibiturunas”, que mais tarde foram denominados Campos de Palmas, em homenagem ao Conde de Palma, então governador de São Paulo. A fazenda Santa Bárbara que deu origem ao município de Bituruna, pertencia a esta região.
Bituruna vem do tupi “bitur” (ybytur ou ybytyra), monte ou montanha + “una”: negro: monte negro Ainda “ibi”…terra + “te”…alta + “una” … negro: serra negra (ref. Municípios Paranaenses – João Carlos Vicente Ferreira, pg. 50, Governo do Paraná, 2006)
Compostas principalmente por imigrantes italianos e seus descendentes, conforme KHATIB (1969), a população começou a chegar em 1924, quando a Empresa Colonizadora Santa Bárbara Ltda, com sede em União da Vitória, adquiriu do Sr. Antônio Fernandes dos Santos, residente no Rio de Janeiro, por meio de seus procuradores Hauer, Beltrão & Cia, 40.000 alqueires da fazenda Santa Bárbara e 15.000 alqueires da Fazenda Santo Antônio do Iratim. A empresa dividiu estas terras em lotes de 10 alqueires que foram vendidos para imigrantes vindos principalmente do Rio Grande do Sul. Em 23 de dezembro de 1924, data considerada como da fundação do nosso município, foi vendido o primeiro lote de terra ao Sr. MIGUEL LEONARTOVICZ, sendo a primeira família a aqui se estabelecer, no ano de 1924.
Segundo registros do Álbum Fotográfico e descritivo da Colônia Santa Bárbara, a Empresa Colonizadora Santa Bárbara Ltda, pertencia aos seguintes sócios:
Segundo relatos e documentos da época, os primeiros moradores vinham em busca da promessa de riquezas naturais como a erva-mate e madeiras nativas, de grande valor econômico.
Após as primeiras famílias, vieram outros moradores e desbravadores que construíram suas casas, nascendo assim uma pequena vila chamada Santa Bárbara. Os pioneiros foram chegando, cortando árvores (principalmente o pinheiro) e construindo suas casas. Com isso a sede do município ia crescendo às margens do rio Herval.
Um ano depois a sede contava com 31 casas de moradia, uma Igreja, três casas comerciais, um engenho de serra, um moinho para trigo e milho, curtume, ferraria, carijós, etc. Sendo em número de 45 famílias residentes na sede até a data de 4 de dezembro de 1926.
Sendo de origem italiana, os primeiros moradores trouxeram suas tradições, entre elas sua grande religiosidade, levando-os a construir a Primeira Igreja, tendo como padroeira Santa Bárbara e a 4 de dezembro de 1926 foi celebrada a 1ª Missa pelo Reverendo Padre Estanislau Schete com festa em honra a Padroeira Santa Bárbara.
Com a abertura de uma estrada ligando este pequeno povoado, que recebeu a denominação de Santa Bárbara, à cidade de União da Vitória, toda a região teve um grande impulso.
A 04 de dezembro de 1928 foi elevada à categoria de Vila (Vila Santa Bárbara), e a 20 de outubro de 1938 passou a fazer parte de União da Vitória. Mais tarde, pelo decreto-lei estadual n°199 de 30 de dezembro de 1943, voltou a fazer parte do Município de Palmas, porém com a denominação de BITURUNA.
Finalmente, a 26 de novembro de 1954, de acordo com a Lei Estadual N° 253, foi elevado à categoria de Município autônomo, sendo desmembrado do Município de Palmas. Em 14 de dezembro de 1955 ocorreu a instalação do município.
Já no ano seguinte foram realizadas eleições, nas quais foi eleito o 1° Prefeito de Bituruna, o Sr. FARID ABRAHÃO e a 14 de dezembro de 1955 se deu a Instalação do Município de Bituruna, com a posse do prefeito eleito.
Foram eleitos para compor a 1ª Câmara Municipal os seguintes vereadores: José Menegat, Ernesto Nhoatto, Avelino Roveda, Joaquim Nalon, Pedro Fiorelli, Roberto Bespalez, Biagio Alfredo Perizollo e Malvino Lorenzini e Silvio Sebben.
A sede do município está localizada mais ou menos na região central do mesmo. O município conta ainda com um Distrito denominado Santo Antônio do Iratim.
O tempo foi passando e, com o trabalho das pessoas, o Município foi crescendo e a vida na comunidade foi modificando a paisagem da nossa terra.
Ao mesmo tempo outras famílias foram ocupando os lotes rurais, aumentando o número de moradores, que se dedicaram à agricultura, construíram alguns engenhos de cana-de-açúcar, de serra, carijos, moinhos, desenvolvendo intensamente a plantação de parreirais.
Nas horas de lazer as famílias reuniam-se nas novenas da igreja, nas festas com churrasco e “serões” que eram reuniões em casas de famílias onde os convidados chegavam de surpresa para o tradicional “brodo” (caldo de galinha), onde as serenatas eram costumeiras.
Pode-se destacar entre os trabalhos pioneiros que contribuíram para o progresso e desenvolvimento do nosso município, segundo o histórico do município, as seguintes pessoas:
Bituruna abriga famílias de diversas descendências, como: italianos, alemães, ucranianos, libaneses, indígenas, poloneses …
Predominantemente, destaca-se a população descendente dos imigrantes italianos, que espalharam seus costumes e sua cultura desde a época da colonização. A religiosidade manifesta-se no culto a Padroeira Santa Bárbara, que acompanha os moradores desde a fundação da pequena vila, que mais tarde foi chamada Bituruna.
As festas homenageando santos da igreja são uma tradição antiga da comunidade, realizadas em períodos habituais do ano, destacando-se a Festa de São Cristóvão sempre no mês de julho, São Roque em agosto, Nossa Senhora Aparecida em outubro e Santa Bárbara em dezembro. Nestas ocasiões a comunidade se reúne para celebrações religiosas, seguidas de almoço festivo e entretenimentos para as famílias, sempre com muita música e animação, onde não podem faltar torneios de truco e bingos.
A vitinicultura, nas décadas de 60 e 70 representava a grande promessa da economia biturunense. O Poder Executivo instituiu na época a Exposição Vinícola, que representava o mais importante evento cultural festivo da cidade. Em uma de suas edições, a Exposição registrou a visita do então governador do Paraná Moisés Lupion e sua comitiva. Segundo matéria do Jornal O Dia , “o governador manifestou a magnífica impressão colhida pelo desenvolvimento encontrado naquele longínquo recanto do Paraná”.
Eram os bons tempos da economia biturunense, dos quais os moradores mais antigos relembram com entusiasmo e sentem saudades.
Esta exposição deu origem a outra festa tradicional no município: a Festa da Uva, realizada em plena safra, para comercializar a produção de uvas e derivados produzidos pelos agricultores locais, em parceria com o Rodeio Crioulo, atividade já costumeira na região, atraindo visitantes de diversos municípios.
Além do Rodeio Crioulo anual, o Centro de Tradições Gaúchas Chapéu Tapeado realiza outra atividades durante o ano, como as Costeladas, onde o churrasco é assado em fogo de chão e os fandangos onde a música e a dança alegram e contagiam os freqüentadores.
O CTG também desenvolve os Torneios de laço e mantém uma Invernada Artística, que agrega a juventude em atividades como a dança tradicionalista, trovas e declamação.
Esses costumes acompanham os moradores vindos do Rio Grande do Sul no início da colonização, assim como o hábito de comer churrasco e tomar chimarrão.
Grupos folclóricos italianos como o grupo de Danças Camare e o grupo Musical Tozetti sempre abrilhantam as ocasiões festivas do município, reunindo apreciadores da alegre cultura italiana.
No interior do município, durante o inverno, nas reuniões familiares, não falta o tradicional brodo, um caldo fervente à base de galinha caipira.
No mês de junho são homenageados também os santos: Santo Antônio, São João, São Pedro com as festas juninas, onde sempre são oferecidos o pinhão, a pipoca, batata-doce, amendoim, quentão, bem como dança da quadrilha e modas caipiras.
Na culinária predominam as delícias italianas, como a polenta, os salames, queijos e vinhos, e também está presente à mesa dos biturunenses o churrasco assado na brasa, no melhor estilo campeiro.